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07 março 2007

Monologo do rato

Pois é meu rapaz. Achastes mesmo que escaparia de mim?
Logo de mim?
Que tanto te ajudei e teto para abrigar-te provi.
Estavas a me subestimar não é mesmo?
Não me surpreendes. Inclusive te dei motivos para tal: te induzi ao erro, e através dele te vi correndo de mim.
Ah tolo!
Achas mesmo que poderia?
E agora?
Tens medo?
Não tenha. Não precisa. Pois o que poderia fazer contigo, ainda posso. Podia antes, posso agora e poderei depois, já que não tens como te esconder de mim. Não podes nem correr. A única coisa que podes fazer é esperar. Pois estás em débito para comigo, e podes ter certeza que virei cobrar o que me é de direito.
Tens uma dívida.
Nem a morte te livrará do que tens em ti para mim. Nem teu desespero. Nem tua coragem. A morte inclusive é a melhor das saídas, pois nela descansaria em fogo eterno, e lá te lambusaria na tua carne, num martírio sem fim - mas não é isso que meu patrão quer.
Não ainda.
Ele já falou que te buscará na hora certa, pois ainda tens muito o que fazer aqui por essas bandas: Precisas de mais força para suportar tudo que não conheces. Ele ainda te quer acordando todo dia para trabalhar, sem saber se voltarás. Ele te quer vendo o mundo cada dia com mais vontade viver, de mudar, de crescer. Ele te quer em apego. Ele te quer em vida, em rotação num pião lento e embriagado, entorpecido pelo ópio do prazer. Pois o que seria do doce sem o amargo? O oposto é verdadeiro: o que seria do amargo sem o doce? Para que tirar tudo de alguém que não tem nada a perder?
Mas não te apoquente meu rapaz. Nem olhe com canto do olho para a noite, pois eu não virei das sombras. Na realidade eu não virei. Nem meu patrão. Eles é que virão.
Ouviu o sopro?
É de gelar o espinhaço, não é?
Eles estão bem aí na tua cabeça.
Mas não te preocupes, que não seremos injustos: Terás apenas o que é devido nessa parte suja do teu fígado. E verás que na hora certa, usarás tuas mãos para o teu próprio mal.
Agora vai.
Vai que tenho que terminar esse serviço aqui.
Mais tarde estarei no mesmo bar.
Se passares por lá, te pago uma cerveja.

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