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23 novembro 2007

Musica para os seus ouvidos

Play it man!Ele gosta de musica. Ele gosta muito de musica, pois ela (a musica) entra nele, fazendo parte da sua consciência, ligando, desligando, conectando fatos, memórias, sentimentos e ações. Ele gosta de rock e de blues por causa da guitarra, que tem que chorar. Quando ela (a guitarra) berra no seu ouvido, ele pode sentir os seus neurônios vibrarem. Ele associa musica. Por isso ama tanto, a musica. Ela, a musica, tem que fazer sentido, se não na melodia, então na letra. Ela tem que ter razão de existir para ele. Ele bebe quando esta deprimido, então ouve blues e jazz. Talvez por isso a sem graca da Norah Jones o traga paz, pois a voz encanta. Ele adora bossa nova quando esta apaixonado, pois associa as paixões loucas de Vinicius. Ele queria ser Vinicius e viver de musica e poesia – e de amores. Pois como disse o poeta: “ha menos peixinhos a nadar no mar, do que os beijinhos que darei na sua boca”.

Ele gosta dos Engenheiros do Havaii, e das suas letras sem sentido.

Ele odeia Otto e Mundo Livre SA (assim como qualquer outra pseudo-genialidade musical dos novos-cult), no entanto, acha que “meu esquema” é uma declaracão de amor perfeita, tanto quanto “por você” do Barão Vermelho, que canta o Frejat, que ele ouve o timbre de voz e o inveja. Ele queria ter a voz do Frejat.

Ele não gosta de sertanejo, pois não é sertanejo, no entanto, quando a viola do violeiro toca, ele não pode deixar de se emocionar. Ele ja gostou de pagode, numa época distante quando o pagode fazia sentido para ele. Ele gosta de sambinha, uma ou duas vezes por ano. Não lhe agrada muito o som do cavaquinho, não pelo som do cavaquinho, mas pelas associações que existem em sua mente. Na verdade, o som de cavaquinho faz sua mente entrar em parafuso, pois ela o aceita como um som digno de ser ouvido, mas ao mesmo tempo rejeita, pois ele vem de onde vem, então o conflito fica. Ele quer ser superior a tudo isso, então faz de conta que gosta, mas na verdade não gosta.

Ele queria ser roqueiro, sem causa, pois roqueiro com causa fica chato igual ao U2. Por isso não gosta mais deles, do U2, não dos roqueiros. Ele não gosta de Heavy Metal, pois aflige sua alma. é pesado demais. Ele não entende. Nem admira. Ele ignora o Heavy Metal. Mas ele ama os pais do Heavy Metal, o Led Zeppelin, mais pela atitude do que pela musica. Ele queria tocar no Led Zeppelinn durante a década de 70. Ele queria enlouquecer no circuito do rock and roll, e se fosse pra ficar famoso, que morresse de overdose antes de virar uma múmia como o Rolling Stones, que ele não gosta, nem desgosta. Mas ele admite que queria ser o Mick Comedor Jagger.

Ele não gostava dos besouros, mas hoje ele ama Beatles. Ele acha que eles fizeram pacto com o capeta, pois como uma banda que a seu ver não tem nada de mais, e ao mesmo tempo, tem de tudo um pouco?

Ele é fã de Pearl Jam. Ele fica horas ouvindo os caras de Seatle. Ele tem alma grunge. Ele é Eddie Vedder, ele é Kurt Cobain. Acha que Given to Fly eh uma das melhores musicas ja escritas e tocadas.

Ele odeia punk, por causa dos punks. Ele realmente gostaria de dar porrada em todos os punks do mundo, ao som de Sex Pistols. Ele queria arrancar todos os brincos dos punks e os deixar sangrando.

Ele nao gosta de salsa, mambo, calypso ou qualquer outro som que venha da america latina (exclui-se aqui o Brasil), a não ser pelo Reggae. Mas a Jamaica não é america latina. Então que venha o ragga, o ska, reggae. Venha pois tem festa, e reggae é muito bom. Ele acha que foi regueiro em outra vida, pois a vibe vem e fica ali se demorando e fluindo.

Ele também queria ser o Jack Jonhson, so pra ser amigo do Ben Harper, que ele não queria ser, pois ele acha que o cara é muito cabeça. Ele tem medo do Ben Harper. “Como alguém pode fazer aquelas musicas?”, ele se pergunta.

Ele gosta de Vanessa da Mata pois lhe lembra ela em especial, sempre lembrou, sem nem mesmo saber quando a associação começou. Ele gosta de Bob Dylan pois lhe lembra um lugar no velho continente. Ele gosta de Ray Charles pois lhe lembra o seu pai. Ele gosta de MPB, pois lhe lembra a sua mãe. Ele gosta de carimbo, pois lhe lembra sua cidade. Ele gosta de Cramberries, pois lhe lembra dos seus melhores amigos. Ele gosta de “Mister Jones” sem gostar. Ele realmente sorri quando ouve “your song”, versão do Billy Paul, pois se lembra do reveillon em salinas. Ele e seu irmão postiço se identificam com "Don't look back in anger" e "Bonesbank holiday" do Oasis. Ele não gosta mais de Sarah MacLacklan – lhe da náuseas. Com certeza Artic Monkeys lhe lembrara o Japão.

Ele um dia pensou que gostava de musica eletrônica, como todo mundo naquela época, mas depois descobriu que não gosta, pois não a ouve. Musica eletrônica, para ele, é a unica musica que não é trilha sonora, mas ferramenta para outros objetivos. Musica eletrônica não é o seu forte. Entretanto é a unica musica que ele realmente dança, por horas a fio. Mas não a considera musica.

Ele gosta de boa musica.

Ele gosta de não ser eclético.

Ele critica o gosto musical daqueles que não gostam do que ele gosta.

Ele é prepotente e se orgulha do seu ouvido afinado.

Ele usa musica para conquistar.

Enfim, ele vive de musica, sem usar a musica para viver.

Um comentário:

Chawca disse...

Given to Fly é realmente uma música muito boa, uma das que eu mais ouvi na vida...
O gosto musical e a forma de pensar é bem parecida com a minha...